O objetivo deste trabalho é debater sobre a importância de aliar as novas tecnologias aos métodos de ensino, aprendizagem e alfabetização através da literatura digital. Este tópico traz importantes informações acerca do tema e como fazer para incluí-lo no dia a dia em uma sala de aula. Um dos maiores obstáculos enfrentados pelos professores é a falta de contato com ferramentas digitais o que dificulta que novas maneiras de ensino sejam bem-sucedidas nas escolas.  Uma vez que tenhamos desenvolvido um novo método de ensino, faz-se necessário usá-lo e, assim, proporcionar à sociedade um meio mais eficaz e prático de ensinar a ler e escrever.

Em virtude dos acontecimentos da tecnologia, a literatura também recebeu seus avanços: a Literatura Digital foi uma delas. E a leitura por ser uma prática comum da vida humana e desempenhar uma função crucial da formação dos cidadãos; essa se torna uma ferramenta de grande ajuda para professores. 

Esse avanço da literatura traz dinâmica e interação à leitura, sendo assim uma aliada educacional. Literatura digital pode ser considerado como um novo gênero literário, assim como a literatura impressa que também é um gênero. 

A problemática dessa ferramenta literária é a dificuldade que grande parte dos cidadãos do país passam sem acesso à internet, computação e smartphones. Essas são as ferramentas essenciais de acesso à essa literatura interativa.

Constituir essa nova ferramenta da literatura para implementar a metodologia no ensino em escolas é um desafio importante. Atualmente, a maioria das escolas tem laboratórios de informática que possam utilizar dessa metodologia; e é essencial estimular a leitura numa fase em que as crianças têm acesso livre a jogos, redes sociais, celulares e computadores. Com esse método inserido na vida do aluno, e o costume da leitura, pode até se habituar a leitura de livros impressos.

A literatura digital se qualifica como uma metodologia de gênero textual, o que diferencia da literatura digitalizada e tem se feito bastante presente na educação. Muitos educadores utilizam pela praticidade e conforto ao aluno. Essa prática não anula a leitura comum, mas sim ajuda a abrir novos olhares e a conquistar leitores. Marcelo Spalding faz alusão a importância da leitura sem anular nenhum gênero. 

[...] a literatura está para além do livro e que ela pode ter um papel fundamental para a educação e a sociedade através das mídias digitais, como computador, tablet, smartphone, televisão. O que não diminui em nada a importância do livro impresso, que irá conviver com as novas formas de se publicar literatura. Se algo ameaça o futuro do livro não é a tecnologia, e sim o descaso pela leitura. (SPALDING, 2013).

As mudanças acontecem e a linguagem visual acompanha todas essas atualizações, sendo assim a interação é feita de forma simples e visual. Spalding, em concordância com o gênero fala sobre a metodologia explicadamente. 

[...]a leitura em si é como a de um livro tradicional, com páginas exibidas sequencialmente e botões para avançar ou retroceder. Nas configurações, o usuário pode escolher o tamanho da fonte, o contraste e a rotação da tela. Também é possível fazer anotações, assinalar trechos do livro e visualizar quais foram os trechos mais assinalados pelos leitores daquele livro. (SPALDING, 2013).

Esses avanços se fazem presentes no cotidiano, atualmente, essa prática chegou revolucionando as formas educacionais e possibilitando novos aprendizados, novos leitores e sendo uma ferramenta de ajuda aos professores.

O letramento digital é muito mais do que apenas ler, escrever e navegar na internet, pois consiste em não só saber utilizar o recurso, como também aplicá-los no dia a dia de modo que gere benefícios próprios, adquirindo novos conhecimentos. Soares (2002) ressalta que o letramento digital possibilita que a prática de leitura através do computador e da internet.

Com essa observação, notamos o surgimento de novas práticas de leitura e escrita, como o letramento na cibercultura. Para Magda Soares (2002), dentro de uma sociedade pode existir vários conceitos de letramento digital, e cada um desse produz um efeito e na sociedade. Soares (2002) ressalta que, “diferentes espaços de escritas e diferentes mecanismos de produção, reprodução e difusão da escrita resultam em diferentes letramentos.”

Para Buzato (2006a, p. 4),

letramento, ou mais precisamente os letramentos, são práticas sociais e culturais que têm sentidos específicos e finalidades específicas dentro de um grupo social, ajudam a manter a coesão e a identidade do grupo, e são aprendidas em eventos coletivos   de   uso   da   leitura   e   escrita,   e   por   isso   são   diferentes   em   diferentes contextos socioculturais.

No entanto, ressalta-se que um conceito implica a ideia de que a prática da leitura e da escrita está intimamente relacionada ao contexto em que está inserida, porém esse entendimento não é compartilhado por todos e, portanto, muitos modelos de aprendizagem que afirmam estar relacionados com o conceito de letramento nada mais são do que simulações de métodos tradicionais. O próprio aspecto social do termo tem gerado diferentes interpretações.

A interpretação refere-se ao “conjunto de práticas socialmente   construídas   que  envolvem  leitura   e   escrita,   geradas  por   processos  sociais mais  amplos  e   responsáveis  por  reforçar  ou   questionar  valores,  tradições  e   formas de distribuição  de  poder presentes nos contextos sociais” (SOARES, 2006, p. 74-75).

Buzzato (2017, p 122.) acrescenta:

O   assim   chamado   modelo  “autônomo”  do  letramento,   isto  é,   aquele  segundo   o qual o letramento é uma variável autônoma determinante de impactos cognitivos e socioculturais   nos   indivíduos   e   grupos   em   que   é   introduzido,   está   diretamente ligado   a   uma   concepção   de   linguagem   fundada   num   objetivismo   abstrato   que separa a língua da fala, ou o sistema de seus usos. Associada a essa concepção de linguagem, ou mais precisamente derivando dela, aparece nesse modelo uma caracterização   da   escrita   como   tecnologia   de   representação   da   fala   e   do pensamento,   por   conta   de   sua   natureza   objetiva,   de   separar   o   sentido   do enunciado (text  meaning) do sentido da enunciação (speaker meaning).

De acordo com o modelo, a alfabetização está intimamente relacionada à escrita, que é vista como uma variável independente, não perturbada pelo contexto social e, portanto, não explicada em termos de seu uso social, mas em função de sua própria função interna. Também entendemos que dominar a escrita pode mudar a perspectiva econômica e social de um indivíduo.

O modelo ideológico de letramento defende a influência do contexto social nas práticas de leitura e escrita. Essa compreensão decorre principalmente da observação dos múltiplos significados da escrita em diferentes contextos, que não se limitam àqueles em que as normas culturais desempenham um papel decisivo, mas se estendem aos contextos cotidianos com os quais os indivíduos entram em contato.

Apesar das dificuldades e levando em conta as praticidades do ensino, concordamos que há a necessidade de superar esses obstáculos e propor atividades de ensino que levem em conta as realidades dos alunos, levando em consideração teorias de letramento e letramento digital, ao invés de ignora-lo as. No entanto, no contexto da pesquisa em letramento digital, destacamos uma tendência de que as novas tecnologias da informação podem transformar esses hábitos institucionais de ensino e aprendizagem que vêm sendo discutidos há muitos anos.


Autor: Luciano Alves


REFERÊNCIAS 

BUZATO,   M.   E.   K.   Letramento   digital:   um   lugar   para   pensar   em   internet,   educação   eoportunidades. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO EDUCAREDE, 3., São Paulo, 2006.Anais... São Paulo: CENPEC, 2006. s/p.

BUZATO,   M.   E.   K.  Letramentos   multimodais   críticos:   contornos   e   possibilidades.  RevistaCrop, Campinas, ed. 12, p. 108-144, 2007.

SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade. Campinas, vol.23, n.81, p.143-160, dez. 2002.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

SPALDING, Marcelo. Literatura digital.  Disponível em: https://ww.marcelospalding.com/literatura digital. Acesso em 27 out. 2022.


Tags: #prodcaotextual #estagio