Leia o texto a seguir para responder aos itens 1 e 2.

Patrimônio cultural imaterial e cultura popular: tradição, diversidade e “autenticidade”

[...] Esse movimento de aproximação semântica entre essas duas ordens de diversidade pode ser iluminado a partir da chave geral em que o tema da diversidade é inscrito, qual seja, a progressiva inserção do tema das culturas populares e tradicionais nas publicações, conferências, recomendações e convenções da Unesco. No decurso dos anos oitenta, a organização sedimentou o entendimento de que as culturas tradicionais e populares representavam o elo mais frágil face aos processos predatórios de industrialização e urbanização.

Um dos pontos de justificação que abre a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular, publicada durante a 25ª Conferência Geral da Unesco, em 1989, diz o seguinte: “Reconhecendo a extrema fragilidade de certas formas de cultura tradicional e popular e, particularmente, de seus aspectos correspondentes à tradição oral, bem como o perigo de que esses aspectos se percam” (Unesco, 1989). Os dois pontos subsequentes de justificação seguem a mesma direção: “Destacando a necessidade de reconhecer a função da cultura tradicional e popular em todos os países, e o perigo que corre em face de outros múltiplos fatores; considerando que os governos deveriam desempenhar papel decisivo na salvaguarda da cultura tradicional e popular e atuar o quanto antes” (Unesco, 1989). O temor quanto ao desaparecimento da cultura popular aparece de maneira mais nítida nos parágrafos que tratam da salvaguarda e difusão da mesma.

A conservação se refere à proteção das tradições vinculadas à cultura tradicional e popular de seus portadores, segundo o entendimento de que cada povo tem direitos sobre sua cultura e de que sua adesão a essa cultura pode perder o vigor sob a influência da cultura industrializada difundida pelos meios de comunicação de massa. Por isso, é necessário adotar medidas para garantir do Estado o apoio econômico das tradições vinculadas à cultura tradicional e popular, tanto no interior das comunidades que as produzem quanto fora delas. [...]

Fonte: SCIELO Brasil. Diversidade cultural, patrimônio cultural material e cultura popular: a Unesco e a construção de um universalismo global. Patrimônio cultural imaterial e cultura popular: tradição, diversidade e “autenticidade”. Adaptado.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/se/a/ngLws5Chz4nfv6qxw7hHGnS/.
Acesso em: 23 set. 2024.

1. No trecho “(...) Esse movimento de aproximação semântica entre essas duas ordens de diversidade (...)” (1º parágrafo), a expressão destacada é um exemplo de linguagem

2. O padrão de linguagem usado sugere que o texto

Leia o texto a seguir para responder aos itens 3 e 4.

Conhecimento do português proporciona acolhimento para imigrantes que vivem no Brasil
Por meio da língua portuguesa, migrantes podem ter acesso a direitos, cultura e educação

Há 5 anos no Brasil, a colombiana Alejandra Gomez trabalha no Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instruções às Migrações (CIBAI Migrações), projeto ligado à Igreja Católica que promove integração sociolaboral, capacitações e assistência aos migrantes em Porto Alegre. Quando a colombiana Alejandra Gomez, de 22 anos, chegou ao Brasil, em 2019, não sabia falar português. Pela proximidade fonética com o espanhol, sua língua materna, Alejandra passou a entender parcialmente conversas em português após cerca de 3 meses morando no novo país, mas a sensação de inadequação permaneceu.

Estudante de arquitetura e marketing em Porto Alegre, a colombiana conta que precisou “se forçar” a aprender a língua oficial brasileira rapidamente para ter um melhor desempenho na faculdade e no trabalho. Após um ano estudando a língua por conta própria e convivendo diariamente com falantes nativos, Alejandra já era fluente em português. Para ela, ter o domínio da língua enquanto imigrante vivendo no Brasil significa a possibilidade de acolhimento e a sensação de pertencimento ao país que virou sua casa. “A língua é a ponte. Sem comunicação, ninguém consegue expressar o que quer, precisa ou sente.”

Nas salas de aula da Escola de Administração da UFRGS, cerca de 20 estudantes se reúnem para assistir a uma aula de português e cultura. Nenhum deles é brasileiro ou fala português fluentemente. Com a ajuda do professor Nathan Barcellos, do Programa de Português para Estrangeiros da UFRGS (PPE), esses estudantes de diferentes nacionalidades aprendem a língua, suas nuances e especificidades através de músicas, textos literários, eventos históricos e obras de arte brasileiras. A música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, é um dos artefatos utilizados durante a aula não só para estimular a aprendizagem da língua em toda sua variedade e pluralidade, mas também para a compreensão de um país, seu povo e sua história, tudo com o português como pano de fundo. “O foco dessa aula é justamente expandir o repertório deles em referências brasileiras”, explica Nathan.

Atuante no PPE há dois anos, o professor conta que as aulas de português com estudantes estrangeiros são sempre uma troca mútua de conhecimentos e uma imersão cultural. “A gente ganha outra perspectiva sobre tudo”, afirma. Para a coordenadora do PPE, Letícia Grubert dos Santos, o mais importante no ensino de português para estrangeiros é considerar e acolher as diferentes realidades que convivem numa mesma sala de aula. “É muito importante que nossos professores tenham uma boa base teórica, mas que também conheçam as turmas dos estudantes, as realidades diferentes que se apresentam”, aponta. [...]

Fonte: GONZALEZ, Ana. Jornal da UFGRS. Conhecimento do português proporciona acolhimento para imigrantes que vivem no Brasil. Adaptado.
Disponível em: https://www.ufrgs.br/jornal/conhecimento-do-portugues-proporcionaacolhimento-para-imigrantes-que-vivem-no-brasil/.

Acesso em: 22 set. 2024. 

3. No trecho “A gente ganha outra perspectiva sobre tudo” (4º parágrafo), a expressão destacada é própria da linguagem

4. No trecho “Há 5 anos no Brasil, a colombiana Alejandra Gomez trabalha no Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instruções às Migrações (CIBAI Migrações), que promove integração sociolaboral e assistência aos migrantes” (1º parágrafo), a linguagem adotada tem o objetivo de ser

Leia o texto a seguir para responder aos itens 5, 6 e 7.

O cérebro em desenvolvimento

No campo neurocientífico, a noção de epigenética está atrelada às noções de neurodesenvolvimento e plasticidade cerebral. Diferentemente da caracterização do cérebro como um processador de informações isolado, oriunda das ciências cognitivas, o modelo atual aponta para a multiplicidade de conexões e a indeterminação subjacente aos processos de desenvolvimento e funcionamento cerebral. Nesse contexto, os transtornos mentais - definidos como transtornos do neurodesenvolvimento - são entendidos como o estado final de uma série de processos anormais de desenvolvimento do cérebro, que tem início anos antes do estabelecimento da patologia propriamente dita. Tais processos, presentes em momentos cruciais do desenvolvimento do indivíduo, conduziriam a modificações funcionais, como déficits cognitivos, alterações comportamentais, dificuldades de aprendizagem, entre outros, que contribuem para o aumento da vulnerabilidade à doença e indicam a possibilidade de seu aparecimento futuro.

O entendimento dos transtornos mentais como transtornos do neurodesenvolvimento vem sendo valorizado como forma de explicar o caráter crônico e progressivo das patologias mentais. Uma vez que os transtornos psiquiátricos, em sua maioria, se desenvolvem lentamente e, uma vez instalados, frequentemente têm um curso duradouro e incapacitante, caracterizando-se como doenças crônicas, o conceito de desenvolvimento seria especialmente útil para compreendê-los. A perspectiva do neurodesenvolvimento parece ser fértil por considerar a continuidade dos fenômenos patológicos mentais, buscando os meios de conexão entre os acontecimentos experimentados na infância e adolescência e a patologia adulta, em consonância com os resultados de estudos epidemiológicos e muitas das intuições de clínicos e pesquisadores da área. A tese geral no campo considera que a vulnerabilidade aos transtornos psiquiátricos surge a partir da exposição a fatores ambientais durante períodos críticos de desenvolvimento do cérebro.

Os desafios seriam compreender os efeitos biológicos que as experiências adversas mais precoces causam no organismo, e explicar de que forma tais efeitos acabam por conduzir às diferenças de vulnerabilidade à doença em períodos posteriores da vida. Desse modo, na perspectiva do neurodesenvolvimento, interessa compreender o papel do ambiente nos processos cerebrais que se desenvolvem lentamente e causam modificações duradouras nos circuitos cerebrais, culminando na formação de transtornos.[...]

Fonte: SCIELO Brasil. A determinação biológica dos transtornos mentais: uma discussão a partir de teses neurocientíficas recentes. O cérebro em desenvolvimento.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/q4VVKLmfLvskqF6sHBFshhw/.
Acesso em: 22 set. 2024.

5. No trecho “No campo neurocientífico, a noção de epigenética está atrelada às noções de neurodesenvolvimento e plasticidade cerebral.” (1º parágrafo), a linguagem utilizada exemplifica linguagem

6. O trecho “A tese geral no campo considera que a vulnerabilidade aos transtornos psiquiátricos surge a partir da exposição a fatores ambientais durante períodos críticos de desenvolvimento do cérebro.” (3º parágrafo) exemplifica, no texto, o uso linguagem técnica especializada porque

7. Considerando o uso de termos como “neurodesenvolvimento” e “epigenética” (1º parágrafo), no texto “O cérebro em desenvolvimento”, percebe-se que a linguagem adotada tem a finalidade de

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O Tesouro

Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados. Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levara vidraça e telha, passavam eles as tardes desse Inverno, engelhados nos seus pelotes de camelão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer, devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve, iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas que, esfaimadas como eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.

Ora, na Primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto as três éguas pastavam a relva nova de Abril — os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferio. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro! No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosamente as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam...

E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos as cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsilha, a comprar três alforjes de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam desde a véspera: a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos alforjes e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua.

— Bem tramado! — gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até à fivela do cinturão.

Mas Guanes não se arredava do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos a pele negra do seu pescoço de grou. Por fim, brutalmente:

— Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!

— Também eu quero a minha, mil raios! — rugiu logo Rostabal.

Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam. E cada um em silêncio, agachado ante o cofre, cerrou a sua fechadura com força. Imediatamente Guanes, desanuviado, saltou na égua, meteu pela vereda de olmos, a caminho de Retortilho, atirando aos ramos a sua cantiga costumada e dolente:

Olé! Olé!

Sai a cruz da igreja,

Vestida de luto...

Fonte: QUEIROZ, Eça de. Contos. O Tesouro.

Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000002.pdf.
Acesso em: 22 set. 2024.

8. No trecho “— Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!” (7º parágrafo), a linguagem usada se caracteriza como

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CVM e CDP anunciam parceria inédita para conformidade climática no mercado de capitais

Parceria visa a simplificar relatórios e conformidade à medida que o Brasil adota padrões obrigatórios de divulgação climática do ISSB

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o CDP, plataforma independente de divulgação ambiental, anunciaram nesta quarta-feira, 18 de setembro, uma parceria inovadora de dados para agilizar os relatórios ambientais corporativos no Brasil. A colaboração marca um passo significativo, conforme o Brasil faz a transição para divulgações climáticas obrigatórias com base nos padrões do ISSB (International Sustainability Standards Board).

Será um primeiro caso de dados divulgados ao CDP sendo enviados diretamente a um regulador, apoiando o monitoramento dos desafios e efeitos na adoção das regras, bem como a construção de conhecimento para a atividade de supervisão da autarquia.

O CDP fornecerá à CVM dados climáticos de aproximadamente 1.100 empresas brasileiras, incluindo empresas que representam 86% do mercado de capitais do país. Os dados, alinhados ao padrão climático do ISSB (IFRS S2), serão usados para facilitar o cumprimento da nova estrutura de divulgação obrigatória do Brasil. Isso segue a recente decisão da CVM de adotar as normas do ISSB, com relatórios voluntários começando em 2024 e a conformidade obrigatória entrando em vigor em 1º de janeiro de 2026.

Como principal parceiro global de divulgação climática do ISSB, a divulgação climática do CDP usa o padrão climático do ISSB como linha de base fundamental. A parceria avança no modelo de divulgação ambiental conhecido como “escreva uma vez, leia muitas”, aliviando significativamente a carga de relatórios das empresas brasileiras. As empresas que já divulgam por meio do CDP terão automaticamente seus dados alinhados ao IFRS S2 reconhecidos pela CVM, criando uma conexão perfeita entre os padrões internacionais e os requisitos regulatórios locais.Fonte: Notícia Sustentável.

Disponível em: https://www.noticiasustentavel.com.br/cvm-cdp-parceria-mercado-capitais/.

Acesso em: 22 set. 2024.

9. No trecho “A colaboração marca um passo significativo, conforme o Brasil faz a transição para divulgações climáticas obrigatórias com base nos padrões do ISSB (International Sustainability Standards Board)” (1º parágrafo), tem-se um exemplo típico de linguagem

10. O texto apresenta a linguagem típica de reportagens de divulgação científica porque