Texto 1: O Rato pintor e o Elefante escultor
Em uma floresta cheia de vida, viviam dois artistas muito famosos: o Rato Pintor, mestre em detalhes e cores vibrantes, e o Elefante Escultor, conhecido por suas esculturas grandiosas e imponentes. Embora fossem admirados por todos, um sentimento de inveja começou a crescer silenciosamente entre eles.
Certo dia, o Rato, observando a imponência das esculturas do Elefante, pensou: “Se ao menos eu pudesse criar algo tão grandioso quanto ele! Minhas pinturas parecem pequenas e sem importância diante de suas esculturas."
Ao mesmo tempo, o Elefante olhava para as obras do Rato e murmurava: “Eu daria tudo para criar algo tão detalhado e cheio de vida quanto as suas pinturas. Minhas esculturas, apesar de grandes, parecem vazias perto das cores e dos detalhes que ele consegue."
Movidos pela inveja, cada um decidiu, em segredo, tentar dominar a arte do outro.
O Rato, determinado a esculpir, começou a trabalhar com um tronco de árvore. Com suas pequenas patas, tentava dar forma à madeira, mas a cada golpe, o tronco apenas se partia em pedaços desiguais. "Talvez eu precise de uma ferramenta maior", pensou ele. Mas, por mais que tentasse, suas patas pequenas não conseguiam esculpir como ele desejava. Frustrado, o Rato olhou para os restos de madeira e percebeu que a grandiosidade das esculturas do Elefante não era algo que ele podia alcançar.
Por sua vez, o Elefante tentou pintar uma tela. Com sua tromba, molhou os pincéis em tintas coloridas, mas seus movimentos eram desajeitados. Ao tentar criar os detalhes finos que tanto admirava nas obras do Rato, apenas borrões enormes surgiam na tela. “Talvez eu precise de mais delicadeza", pensou ele, mas suas tentativas de controlar a tromba pesada resultaram em mais desastres. As cores se misturavam e nada da precisão que ele invejava aparecia em suas pinturas.
Depois de dias de tentativas frustradas, os dois se encontraram por acaso no centro da floresta. O Rato, exausto e desanimado, olhou para o Elefante e desabafou: — Tentei esculpir como você, mas tudo o que consegui foram pedaços quebrados. Acho que nunca vou conseguir fazer algo tão grandioso. O Elefante, igualmente abatido, respondeu: — E eu tentei pintar como você, mas tudo o que consegui foram borrões desajeitados. Minhas mãos são muito pesadas para lidar com a delicadeza de suas pinceladas. Ambos ficaram em silêncio, até que o Rato disse: — Talvez, ao invés de tentar ser o que não somos, devêssemos valorizar aquilo que sabemos fazer. Você esculpe com grandiosidade, eu faço pinturas com precisão. Cada um tem seu talento. O Elefante sorriu, concordando: — Talvez seja assim que deve ser. Se cada um de nós se concentrar no que faz de melhor, podemos continuar a criar arte que inspira todos na floresta. E assim, o Rato voltou a suas pinturas detalhadas e o Elefante, às suas esculturas grandiosas. Ambos, agora, não mais invejavam o trabalho do outro, mas aprenderam a apreciar suas próprias habilidades.
Moral da história: Tentar ser o que não somos apenas traz frustração. Quando aceitamos nossos próprios dons e talentos, podemos criar de forma mais autêntica e inspiradora.
1. Segundo o texto, a característica artística do Elefante Escultor está representada
2. (Referente ao Texto 1) Conforme o texto, o conflito causado pela inveja foi resolvido quando as personagens
Texto 2: Ecos do silêncio
Em meio ao frenesi das cidades contemporâneas, em que cada esquina é marcada pelo barulho incessante de buzinas e vozes apressadas, havia um jovem que se destacava por sua aversão ao som. Lucas, um garoto que facilmente poderia se perder na multidão, preferia a companhia do silêncio. Para ele, o silêncio não era apenas a ausência de ruído; era um espaço sagrado em que pensamentos e reflexões podiam florescer sem interrupções.
Naquela tarde, como de costume, Lucas buscou refúgio na praça da cidade, um lugar que, embora cercado pelo caos urbano, escondia cantos silenciosos e mágicos. Enquanto os outros jovens jogavam futebol e riam, ele se acomodou sob a sombra de uma árvore robusta, seu caderno e caneta prontos para registrar as sutilezas que o cercavam. Naquele momento, cada detalhe – desde o canto solene de um pássaro até o sussurro das folhas ao vento – tornava-se parte de uma sinfonia silenciosa que ele queria capturar.
Como um artista com sua paleta, Lucas mergulhou em seu universo particular, um mundo de cores que não eram apenas visíveis, mas sonoras. Cada linha que traçava em seu caderno era uma nota musical que se harmonizava com o silêncio ao seu redor. Enquanto escrevia, sua mente se desdobrava em narrativas e personagens que dançavam livremente entre as páginas, longe do tumulto que dominava a vida dos outros.
O silêncio, com sua presença imponente, tornava-se cada vez mais rico. Mas o que ele não sabia era que a arte do silêncio também estava prestes a se entrelaçar com a história de outra pessoa.
Ao seu lado, uma senhora idosa sentou-se, atraída pelo mesmo apelo do silêncio que ele. Com um sorriso gentil, ela começou a falar e o que era inicialmente um momento de introspecção se transformou em uma troca de experiências que desafiaria tudo o que Lucas acreditava sobre comunicação. A partir daquele encontro inesperado, ele entenderia que o silêncio, por mais convincente que fosse, também se alimentava de vozes e histórias e que cada um tinha sua própria melodia a oferecer.
Naquele dia, Lucas aprendeu que, embora o silêncio fosse um refúgio valioso, a verdadeira beleza da vida estava na relação entre a reflexão interna e a conexão com outros. Ao final, enquanto a senhora falava sobre suas memórias e sabedoria, percebeu que as histórias compartilhadas eram ecos que preenchiam o espaço vazio, transformando a quietude em uma dança vibrante de palavras e significados.
3. Segundo o texto, Lucas preferia o espaço do silêncio para
4. (Referente ao Texto 2) De acordo com o texto, Lucas compreendeu que
Texto 3: A Garça-Real e a Moça
Sobre dois longos pés, não sei onde ia, em certo dia, a garça, que encava em longo colo o longo bico, vai costeando um rio. As águas eram tão cristalinas que, como em um belo dia, refletiam a beleza do céu. Ali, mil movimentos eram feitos por Dona Carpa e Dom Lúcio, que nadavam despreocupadamente, capturando a atenção da garça.
A garça, ao avistar os peixes, não pôde resistir à tentação. Mas, embora pudesse facilmente se aproximar, decidiu esperar por um prato mais suculento. Sentia que tinha todo o tempo do mundo.
— Eis que o apetite chega — pensou a garça, enquanto se aproximava da praia. Foi então que viu as tenças à flor da água, e sua mente se encheu de desejos.
Com um olhar de desdém, a garça pensou: — Tenças? Que jantar para garças! Mal me conhecem!
Assim, decidiu esperar por algo melhor. Entretanto, a fome começou a apertar, e, quando avistou alguns cadozes, exclamou: — Cadozes! Que comida! Eu vou descerrar meu bico para esse miúcho? Deus não queira!
Nesse momento, a garça percebeu que, de tanto esperar, o peixe havia escapado, e a fome a apertava ainda mais.
— Oh, dita! Oh, júbilo! — pensou, mas reconheceu que não poderia desdenhar o que estava ali. Afinal, quem muito quer ganhar, arrisca e perde.
Enquanto isso, uma moça, que tinha expectativas altas em relação a um esposo, sonhava com o homem perfeito: bem-apessoado, rico e discreto. Porém, em sua busca, ela zombava dos pretendentes que surgiam, considerando-os desastrados.
— Um não tinha finuras nos colóquios, e o outro tinha pecha no nariz — pensava ela, desprezando as propostas.
Mas com o passar do tempo, a moça sentiu os efeitos da idade. Suas oportunidades começaram a se esvair, e a solidão a acompanhava.
— O que vale minha beleza se, com o tempo, não há quem a valorize? – questionava-se.
E assim, após tantas exigências, decidiu se casar com um homem que não correspondia ao seu ideal, um verdadeiro “monstrengo".
A fábula nos ensina que tanto a garça quanto a moça se perderam em suas ambições, mostrando que a busca pela perfeição pode levar a escolhas infelizes. Ao desprezar o que têm em mãos, perdem a chance de ser felizes.
5. De acordo com o texto, a principal lição que a garça e a moça aprenderam foi que
Texto 4: Greve inútil
Os empregados dos bancos de Berlim fizeram greve. Para muitas pessoas, isso pode não significar muito. Eu, por exemplo, nunca entendi muito bem para que serve um banco. Para mim, essa instituição, assim como várias outras, parece algo bem distante da minha realidade. Por isso, sempre fico surpreso quando ouço as pessoas pedirem mais bancos para o desenvolvimento do país. Eu realmente não entendo por que nem para quê.
Mas não são só os bancos que me parecem desnecessários. Há outras coisas também, como joias, peças de teatro no Municipal, e os navios que levam pessoas felizes e estrangeiros para a Europa. Muitas coisas no mundo são desnecessárias para mim, mas isso não quer dizer que eu não aprecie essas coisas quando estão com os outros.
O único banco que conheci foi o dos Funcionários Públicos, mas não me deixou boas lembranças. Agora, no entanto, os empregados dos bancos de Berlim, por terem se juntado ao socialismo, anarquismo ou algo parecido, também estão usando a tão falada greve. Não acho certo criticá-los por isso, já que as greves estão se espalhando em todas as profissões. O que me parece, no entanto, é que essa greve só interessa aos capitalistas, e com certeza eles não vão apoiar uma greve que vai contra eles. Acredito que essa greve será inútil, mas quem sabe, talvez ajude a resolver os problemas sociais. Vamos ver.
6. De acordo com o texto, o autor menciona que as pessoas pedem mais bancos para
7. (Referente ao Texto 4) De acordo com o texto, o autor considera a greve dos empregados dos bancos de Berlim
Texto 5: A ditadura do espelho
De manhã, o espelho parecia mais um crítico de moda mal-humorado. Não importava o esforço, ele sempre encontrava um “defeito”. Ana, ainda com o rosto amassado de sono, olhava desconfiada. “Podia pelo menos fingir que sou bonita pela manhã", pensava. Mas o espelho era honesto – ou cruel, dependendo do ponto de vista.
Era assim todo dia: os cabelos armados pareciam declarar guerra; a pele, com uma ou outra espinha de resistência, insistia em brilhar nos lugares errados. O espelho só observava. “E ainda dizem que sou reflexo da realidade", parecia sussurrar, irônico.
Nas redes sociais, a história era ainda pior. Ali, o padrão não era ser bonita, era ser perfeita. Rostos sem poros, corpos esculpidos, vidas cinematográficas. "Como é que todo mundo consegue ser incrível o tempo todo?”, Ana se perguntava, enquanto deslizava o dedo pela tela, hipnotizada. Era como assistir a um desfile onde ela nunca seria convidada a entrar.
No colégio, o assunto não era diferente. “Você viu a foto da fulana?", alguém comentava no corredor. Ou: "Meu Deus, ela ficou horrível sem maquiagem naquela live!" Ana sentia que tudo ao seu redor era um tribunal estético. E, no meio disso, só conseguia se perguntar: "Por que o espelho nunca está do meu lado?"
Até que, numa aula de ciências, a professora resolveu bagunçar as certezas. Escreveu no quadro: “O que é beleza?” A sala ficou em silêncio, o tipo de silêncio que acontece quando ninguém quer ser o primeiro a falar. Aos poucos, surgiram respostas previsíveis: "Ser magro!”, “Ter pele perfeita!”, "Ser igual às influenciadoras!". Ana olhava para as colegas e sentia que todas pareciam repetir uma mesma fórmula, como um disco arranhado.
Foi então que a professora, com a calma de quem sabia aonde queria chegar, apagou tudo e escreveu outra frase: “A beleza começa quando você para de se comparar.” A sala ficou mais quieta do que antes. Ana, pela primeira vez, sentiu que alguém tinha colocado em palavras algo que ela nunca tinha conseguido dizer.
Naquela noite, em casa, ela encarou o espelho. Ele continuava sendo o mesmo espelho de sempre, mas algo estava diferente. Não nos reflexos, mas nos olhos de quem olhava. "Talvez eu deva ser menos cruel comigo mesma", pensou. E, pela primeira vez em muito tempo, decidiu não apagar uma foto porque não parecia “perfeita”.
No dia seguinte, quando uma amiga reclamou que tinha um nariz “horrível” porque não combinava com o resto do rosto, Ana respondeu, quase sem pensar: “Talvez o problema não seja o seu nariz. Talvez seja o padrão que inventaram e disseram que a gente tem que seguir.” A amiga ficou sem resposta, mas Ana sentiu que tinha ganhado a primeira batalha contra o espelho.
Porque, no fundo, ela entendeu que o espelho nunca foi o problema. Ele só refletia o que a gente escolhe enxergar. E Ana estava, finalmente, aprendendo a olhar para si mesma sem tanto julgamento. Afinal, nem todo reflexo precisa ser perfeito. Só verdadeiro.
8. No texto, Ana se reconheceu nas palavras do outro quando ela
Texto 6: Impactos estruturais da inteligência artificial na democracia e nos direitos humanos
Após publicar artigo neste mesmo canal sobre a possibilidade de termos transparência de algoritmos para os sistemas de Inteligência Artificial (IA), o diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sottili, convidou-me para dialogar com as preocupações e trabalhos que a equipe tem desenvolvido sobre o impacto das big techs e da IA para a democracia e os direitos humanos. Como a conversa foi muito boa, decidi compartilhar um pouco do que debatemos naquele dia, então, com um público mais amplo.
[...] “a IA não é artificial nem inteligente. Na verdade, ela existe de forma corpórea, como algo material, feito de recursos naturais, combustíveis, mão de obra, infraestruturas, logística, histórias e classificações. Os sistemas de IA não são autônomos, racionais, tampouco capazes de discernir algo sem um treinamento extenso e computacionalmente intensivo, com enormes conjuntos de dados ou regras e recompensas pré-definidas. De fato, tal como a conhecemos, a IA depende totalmente de um conjunto muito mais vasto de estruturas políticas e sociais".
É preciso afastar as mistificações que têm dominado a cobertura midiática e boa parte do debate público sobre a IA. Se ela nasceu com o propósito de imitar a inteligência humana, hoje, a IA, certamente, se caracteriza muito mais como sistemas sociotécnicos de captura e processamento da inteligência social para que as big techs possam fornecer assistência algoritmica como algo indispensável à vida humana.
A IA 2.0 é a promessa de um serviço de assistência em que os usuários vão poder ser manipuladores de algoritmos (a partir de prompts), automatizando processos de trabalho e linguagem em suas rotinas ou negócios. A IA não é uma máquina separada da sociedade, é a própria sociedade sendo processada de modo maquínico pelas plataformas. É mais urgente nos preocuparmos não com uma superinteligência ou com indivíduos autônomos (robôs) que irão nos dominar, mas com os impactos ambientais, econômicos, sociais e humanos que já estão em curso. [...]
9. De acordo com o texto, a opinião do autor sobre a caracterização da IA hoje é
Texto 7: Biodiversidade e poluição
Mudanças climáticas, perda da biodiversidade e poluição formam a atual “tripla crise planetária” que ameaça a sobrevivência de humanos, animais e ecossistemas. De acordo com a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services - IPBES), a poluição é um dos principais desencadeadores da perda da biodiversidade em todo o mundo. No Brasil, a liberação de gases de efeito estufa decorrente de queimadas, pecuária, uso de combustíveis fósseis e perda da cobertura vegetal de diferentes biomas coloca o país entre os principais poluidores atmosféricos mundiais, contribuindo de forma intensa para as mudanças climáticas. Muitos outros problemas relacionados com a poluição, porém, permanecem negligenciados no Brasil, contribuindo silenciosamente para a perda da rica flora e fauna nacional.
Os desafios envolvendo o controle da poluição são variados, com múltiplos impactos sobre a biodiversidade brasileira, conforme destacamos em recente trabalho publicado no periódico Water, Air, & Soil Pollution. A gestão ineficiente de resíduos sólidos e a baixa cobertura de tratamento de esgoto representam problemas crônicos no país. No sul do Brasil, a poluição por pesticidas no Pampa prejudica animais terrestres e aquáticos, como peixes e sapos, além de abelhas e outros insetos polinizadores. Já a enchente que afetou o Rio Grande do Sul em maio de 2024 lançou grande quantidade de detritos nos rios e de água doce no estuário da Lagoa dos Patos, afetando a sobrevivência de uma imensa quantidade de organismos. Além disso, as recentes tentativas feitas pela Petrobras para obter licença para exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas são altamente preocupantes. Vazamentos durante a extração ou transporte de petróleo na região chamada de "Amazônia azul” afetariam inúmeras espécies marinhas.
A contaminação de ecossistemas brasileiros por metais pesados e poluentes emergentes, como microplásticos, nanomateriais, cosméticos e produtos farmacêuticos, é um problema crescente, mas ainda pouco debatido. Os efeitos deletérios da poluição sobre diferentes espécies são mais amplos e complexos do que usualmente imaginado, afetando desde indivíduos até populações inteiras. Entender como a poluição afeta a biodiversidade é importante para guiar políticas de preservação ambiental eficientes.[...]
10. De acordo com o texto, o problema que compromete a biodiversidade em todo o território brasileiro é
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