1. Motim

Seus olhos mentem pra mim;
Seu coração faz motim.
Tenta - eu não sei por quê -
Enganar-me, enganando
A você.

Ai, quanto tempo me faz
Que eu não te vejo em paz?
Ora, eu já não sei bem:
Se meu bem me quer
Bem?

Já não há mais prazer
Em dividir o lar.
Pra que me resguardar?
Decida se me quer.

É descabido amar
Só quando der vontade.
Nossa cumplicidade
Vai desmoronar.

Na letra da música, o termo "motim", no 2º verso, pode ser entendido como:

2. Café Mentaleiro promove inserção social a partir de formas alternativas de produção de renda

Baseado nos princípios da economia solidária, projeto tem como objetivo gerar renda, ressignificando as relações de trabalho de pessoas em sofrimento psíquico

Na esquina da rua Demétrio Ribeiro com a avenida Borges de Medeiros, no Centro de Porto Alegre, fica a Cinemateca Capitólio. Ao entrar no local e subir as escadas, encontra-se uma espécie de mezanino com diversas mesinhas e cadeiras de madeira. Se ocupar um assento, você logo será atendido por alguém com um avental escrito “Café Mentaleiro”. Sobre as mesas, ficam caprichados jogos americanos com o logo do café e uma folha que explica: “Mentaleiro é o termo que surge no início da década de 1990 como indicativo de nomeação para os integrantes do movimento por uma sociedade sem manicômios e pelo cuidado em liberdade”.

O dia de inauguração do café reforça esse princípio: 18 de maio de 2022, Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Alicerçado nos princípios da economia solidária, o Café Mentaleiro é uma das oficinas de trabalho e saúde do GerAção/POA, serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Porto Alegre. Aline Hessel, terapeuta ocupacional no GerAção/POA, explica que as pessoas atendidas pela RAPS que queiram modificar suas relações com o trabalho podem pedir encaminhamento para o GerAção. As oficinas estimulam o desenvolvimento de habilidades e potencialidades dos oficineiros - aqueles que frequentam o GerAção -, garantindo o direito ao trabalho de forma digna e mais saudável a essas pessoas.

Para a oficineira Iria do Nascimento, o convite para participar do Café Mentaleiro foi uma nova oportunidade de crescimento e de estar trabalhando: “Para mim é bem gratificante, porque nunca mais teria como eu trabalhar devido aos meus problemas de saúde”. Um sistema alternativo à produção capitalista Aqueles que não se enquadram na norma social dita “padrão” acabam às margens da sociedade, muitas vezes tendo seus direitos negligenciados. Por muito tempo, quem era considerado “louco” acabava exilado em um manicômio.

No contexto do texto, a expressão “direito ao trabalho de forma digna”, no 2º parágrafo, transmite a ideia de:

3. Planetário oferece programação de férias em janeiro

O público pode conferir as sessões e as atividades especiais às terças, quartas e quintas-feiras

O Planetário Prof. José Baptista Pereira tem uma programação especial de férias. Haverá atividades gratuitas - como contação de histórias, oficinas e jogos educativos, entre outras - e sessões na cúpula de terça a quinta-feira, no período de 7 a 30 de janeiro. Os ingressos para as exibições custam R$ 5,00 (pagos somente no cartão de crédito/débito) ou 1 kg de alimento não perecível por pessoa. A bilheteria abre às 14h. O público deve chegar com antecedência, pois não é permitida a entrada na sala de projeção após o início da sessão.

Nas terças-feiras haverá apresentações de O Príncipe sem Nome, com 37 minutos de duração. Solitário em seu planeta, o Príncipe Sem Nome comemora a chegada de uma nave vinda da Terra. Com os novos amigos Alex e o cachorrinho Pólux, ele passeia pelo Sistema Solar, e descobre a variedade de organismos que fazem da Terra um planeta único. Este programa é recomendado para crianças a partir de cinco anos. São apresentados o Sol, a Lua, o fenômeno da sombra, as constelações e suas principais estrelas, os planetas e a diferença entre estes e as estrelas.

Às quartas-feiras, o Planetário Digital exibe os filmes "Formas e Aventuras de Zito". Formas aborda a forma da Terra e dos planetas utilizando metáforas lúdicas e exibe dois clipes de música de estilo folclórico nordestino que falam do céu e das estrelas em linguagem semelhante ao cordel. A sessão dura 15 minutos. As Aventuras de Zito, com 12 minutos de duração, traz a história do mascote do Planetário da Unipampa, que viaja de seu planeta até a Terra, conhecendo as constelações do Cruzeiro do Sul, Órion e Cão Maior. A sessão conjunta é sugerida para crianças de até 8 anos.

Já nas quintas-feiras, será exibido Sou Parecido com as Estrelas, que tem duração de 50 minutos. Nome, idade, tamanho não são particularidades apenas dos seres da Terra. Os habitantes do céu também têm sua própria cor, nomes estranhos e são considerados jovens, mesmo que tenham milhares de anos. Observadas por árabes, gregos e indígenas, os homens sempre mantiveram uma comunicação com elas. O programa é indicado para o público a partir de 9 anos.

O Planetário fica na Avenida Ipiranga, 2000, na esquina com a Rua Ramiro Barcelos, em Porto Alegre.

A linguagem utilizada na notícia e as descrições das atividades sugerem principalmente que o Planetário busca:

4.


De acordo com os elementos verbais e não verbais do texto, infere-se que o efeito de sentido irônico se refere a:

5.


Na tirinha, a resposta final de Carlinhos cria um efeito de sentido que demonstra a:

6. Condicionamento físico pode interferir positivamente no tratamento do câncer de pulmão

Gilberto Castro afirma que, em pacientes com baixa aptidão física, a quimioterapia pode causar efeitos adversos

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e de Harvard realizaram um estudo a respeito do desempenho em testes físicos para ajudar a direcionar o tratamento do câncer de pulmão. Ao analisar pacientes com metástase, estágio avançado do câncer, e caquexia, perda de tecido e músculo ósseo, eles concluíram que quanto melhor o condicionamento físico maiores as chances da terapia ser bem-sucedida. Gilberto Castro, chefe do Grupo de Oncologia Clínica de Tórax, Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP e orientador do estudo, explica que o câncer de pulmão é o tumor que mais mata em todo o mundo, somando de 1,7 a 1,8 milhões de mortes por ano.

A maioria dos casos ainda está relacionada ao tabagismo, um fator evitável e que deveria ser uma prioridade de saúde pública. Nos pacientes em estágio avançado, que possuem metástases em órgãos como cérebro e fígado, a sobrevida média é de apenas dez meses, mesmo com tratamento quimioterápico. "A qualidade de vida desses pacientes é muito ruim”, acrescenta o professor. O estudo, que já se estende por mais de cinco anos, analisou pacientes do chamado câncer de pulmão não pequenas células, buscando entender o papel da funcionalidade física na resposta ao tratamento. Simples testes físicos, como o tempo de caminhada, a capacidade de se levantar de uma cadeira repetidamente e a força de preensão manual mostraram-se indicadores significativos do possível desfecho dos tratamentos quimioterápicos.

O impacto econômico de um direcionamento mais criterioso também é significativo, pois o tratamento do câncer é extremamente oneroso. Um próximo passo que o estudo pretende explorar é se a reabilitação física pode contribuir para melhorar a aptidão de pacientes com baixa funcionalidade. A ideia é investigar se o exercício físico pode ser incorporado como uma forma de “remédio”, ajudando a melhorar a resposta ao tratamento. Segundo Castro, ainda não há resultados, mas é uma linha de pesquisa promissora e que pode abrir um novo campo de intervenção terapêutica.

No contexto da reportagem, o trecho “reabilitação física pode contribuir para melhorar a aptidão de pacientes com baixa funcionalidade” (3º parágrafo) sugere que:

7. Condicionamento físico pode interferir positivamente no tratamento do câncer de pulmão

Gilberto Castro afirma que, em pacientes com baixa aptidão física, a quimioterapia pode causar efeitos adversos

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e de Harvard realizaram um estudo a respeito do desempenho em testes físicos para ajudar a direcionar o tratamento do câncer de pulmão. Ao analisar pacientes com metástase, estágio avançado do câncer, e caquexia, perda de tecido e músculo ósseo, eles concluíram que quanto melhor o condicionamento físico maiores as chances da terapia ser bem-sucedida. Gilberto Castro, chefe do Grupo de Oncologia Clínica de Tórax, Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP e orientador do estudo, explica que o câncer de pulmão é o tumor que mais mata em todo o mundo, somando de 1,7 a 1,8 milhões de mortes por ano.

A maioria dos casos ainda está relacionada ao tabagismo, um fator evitável e que deveria ser uma prioridade de saúde pública. Nos pacientes em estágio avançado, que possuem metástases em órgãos como cérebro e fígado, a sobrevida média é de apenas dez meses, mesmo com tratamento quimioterápico. "A qualidade de vida desses pacientes é muito ruim”, acrescenta o professor. O estudo, que já se estende por mais de cinco anos, analisou pacientes do chamado câncer de pulmão não pequenas células, buscando entender o papel da funcionalidade física na resposta ao tratamento. Simples testes físicos, como o tempo de caminhada, a capacidade de se levantar de uma cadeira repetidamente e a força de preensão manual mostraram-se indicadores significativos do possível desfecho dos tratamentos quimioterápicos.

O impacto econômico de um direcionamento mais criterioso também é significativo, pois o tratamento do câncer é extremamente oneroso. Um próximo passo que o estudo pretende explorar é se a reabilitação física pode contribuir para melhorar a aptidão de pacientes com baixa funcionalidade. A ideia é investigar se o exercício físico pode ser incorporado como uma forma de “remédio”, ajudando a melhorar a resposta ao tratamento. Segundo Castro, ainda não há resultados, mas é uma linha de pesquisa promissora e que pode abrir um novo campo de intervenção terapêutica.

A partir das informações apresentadas no texto, pode-se inferir que os pesquisadores consideram não recomendar a quimioterapia para pacientes com baixa aptidão física porque:

8. O enigma de ser: a arte de se perder para se encontrar

Dizem que a arte e a leitura são um refúgio, um respiro em meio ao caos. A cada página virada, a cada pincelada sobre a tela, sinto que me transformo, que sou mais eu mesma, ou talvez mais outra. Mas, ao contrário do que os poetas românticos poderiam dizer, não me sinto parte de um grande "lar” universal. Quanto mais me aprofundo em mundos literários e imagens artísticas, mais percebo que estou construindo uma identidade fragmentada, um quebra-cabeça de tantas histórias que, às vezes, mal reconheço.

Ironia! Quanto mais busco quem sou, mais me perco em quem não sou. Talvez seja essa a função da arte e da leitura: nos dar uma identidade que, paradoxalmente, se define pela busca e não pela chegada. Somos todos viajantes em páginas e telas, e, se ao final nos tornamos estrangeiros em nós mesmos, talvez seja essa a única maneira de realmente nos conhecermos.

Ah, a arte, sempre nos oferecendo verdades que parecem sólidas, mas que escorrem pelos dedos no instante em que tentamos segurá-las. E a leitura, então? Quantas vezes abri um livro em busca de respostas e, em troca, ganhei mais perguntas. É quase uma pegadinha cósmica: quem busca o sentido da vida pode terminar com a certeza de que não há um sentido definitivo. Será que precisamos mesmo de respostas, ou seria a dúvida o motor que nos faz avançar?

Cada obra que admiro parece me oferecer uma pista sobre quem sou, mas, no final, cada uma me leva a um novo labirinto. Talvez a grande ironia seja que a própria busca por uma identidade clara nos transforma em um mosaico de tudo o que amamos, odiamos e não entendemos.

E se o papel da arte e da leitura for exatamente esse? Não nos dar um retrato fiel, mas um espelho quebrado que reflete cada faceta, cada possibilidade. Se é isso, a identidade deixa de ser um ponto de chegada para se tornar uma viagem interminável. Somos todos viajantes do eterno desconhecido, descobrindo e redescobrindo quem somos - sem nunca realmente chegar ao final da história.

A ironia presente no trecho da crônica está, principalmente, no fato de que:

9. A entrevista como método: uma conversa com Eduardo Coutinho

O nome de Eduardo Coutinho ocupa páginas centrais na história do cinema documentário brasileiro. Conhecido pelas entrevistas com pessoas anônimas, seus filmes revolucionaram a produção no gênero: ajudaram a derrubar o mito da neutralidade dos documentários e desfizeram a separação entre o diretor e as personagens. [...] Este artigo apresenta uma entrevista com Eduardo Coutinho. Nela, o cineasta discute a concepção do real presente em seus filmes e o poder de transformação do cinema sobre os homens e a sociedade; principalmente, fala sobre as entrevistas, método em evidência nas ciências humanas e no cinema.

Entrevista

O sr. costuma afirmar que seus filmes não são compostos por entrevistas, mas por conversas. Poderia falar um pouco sobre a preferência por este termo?

Se há uma coisa que acho que aprendi, por razões obscuras, é conversar com os outros. Com câmera, porque sem câmera eu não falo com ninguém. A maioria dos que fazem documentários fazem, efetivamente, entrevistas. As entrevistas têm um lado jornalístico e de depoimento. E eu trabalho com pessoas comuns. A pessoa conta um fato histórico e, se ele é verdadeiro ou não, deixa de ter importância. As conversas são conversas porque falo com pessoas anônimas – ninguém é anônimo, mas enfim... - relativamente comuns, ordinárias no sentido antigo do termo. Têm pouco a perder e por isso são interessadas. Um intelectual ou um político de esquerda ou direita têm muito a perder. Então eles se defendem. E as pessoas mais comuns têm pouco a perder. Essa é a primeira razão pela qual as pessoas ditas comuns são mais interessantes. No Edifício Master, uma mulher me disse: "Vivi com um alemão por dez anos". Eu não vou checar se foram dez ou cinco anos ou se ele era argentino.

E qual é o vínculo que se estabelece entre o sr. e os entrevistados depois que o filme é finalizado?

Existe um romantismo dos que acham que pode existir algum vínculo. Isso está ligado à possibilidade do cinema provocar transformação. Eu te digo o seguinte: a gente não sabe por que faz cinema, quanto mais documentário. Então esse vínculo depois da entrevista é quase de uma má fé, de um otimismo incurável, extraordinário. Mas que poder tem um filme de mudar o mundo? Eu acho que muda o olhar de algumas pessoas. Já está bom. E ajuda a mudar o cinema. Mas depois que acabou o filme... [...] É mentira que o documentário é tão verdadeiro quanto a rotina. A rotina é insuportável. Perguntam muito por que eu só filmo os excluídos. Mas eu achei ótimo fazer um filme como o Master, sobre a classe média baixa. Eu tento desconsiderar o problema da classe ou da categoria à qual a pessoa pertence e fazer filmes que não sejam estereótipos. Então, se eu filmo em uma favela ou gente pobre no Nordeste, que são universos afastados do meu, não há o menor problema.

O sr. valoriza o frescor do primeiro encontro com os entrevistados. Como isso afeta o resultado final?

Eu não conheço a pessoa antes da filmagem. Há um momento que dura meia hora a duas horas que é intenso e em que se dá a coisa. Depois, eu vou encontrar na pré-estreia e acaba. É o contrário do trabalho de algumas ciências. Mas há cineastas documentaristas europeus e americanos que vão, ficam seis meses, só filmam seis meses depois. Eu sou contra isso. Isso pode ser ótimo. Mas no meu caso, se eu vou conhecer a locação, conheço a pessoa e ela começa a me contar alguma coisa, eu falo: "Pelo amor de Deus, não me conte".

Na frase “Se há uma coisa que acho que aprendi, por razões obscuras, é conversar com os outros”, (1ª resposta), o efeito humorístico presente se deve, principalmente,

10. A entrevista como método: uma conversa com Eduardo Coutinho

O nome de Eduardo Coutinho ocupa páginas centrais na história do cinema documentário brasileiro. Conhecido pelas entrevistas com pessoas anônimas, seus filmes revolucionaram a produção no gênero: ajudaram a derrubar o mito da neutralidade dos documentários e desfizeram a separação entre o diretor e as personagens. [...] Este artigo apresenta uma entrevista com Eduardo Coutinho. Nela, o cineasta discute a concepção do real presente em seus filmes e o poder de transformação do cinema sobre os homens e a sociedade; principalmente, fala sobre as entrevistas, método em evidência nas ciências humanas e no cinema.

Entrevista

O sr. costuma afirmar que seus filmes não são compostos por entrevistas, mas por conversas. Poderia falar um pouco sobre a preferência por este termo?

Se há uma coisa que acho que aprendi, por razões obscuras, é conversar com os outros. Com câmera, porque sem câmera eu não falo com ninguém. A maioria dos que fazem documentários fazem, efetivamente, entrevistas. As entrevistas têm um lado jornalístico e de depoimento. E eu trabalho com pessoas comuns. A pessoa conta um fato histórico e, se ele é verdadeiro ou não, deixa de ter importância. As conversas são conversas porque falo com pessoas anônimas – ninguém é anônimo, mas enfim... - relativamente comuns, ordinárias no sentido antigo do termo. Têm pouco a perder e por isso são interessadas. Um intelectual ou um político de esquerda ou direita têm muito a perder. Então eles se defendem. E as pessoas mais comuns têm pouco a perder. Essa é a primeira razão pela qual as pessoas ditas comuns são mais interessantes. No Edifício Master, uma mulher me disse: "Vivi com um alemão por dez anos". Eu não vou checar se foram dez ou cinco anos ou se ele era argentino.

E qual é o vínculo que se estabelece entre o sr. e os entrevistados depois que o filme é finalizado?

Existe um romantismo dos que acham que pode existir algum vínculo. Isso está ligado à possibilidade do cinema provocar transformação. Eu te digo o seguinte: a gente não sabe por que faz cinema, quanto mais documentário. Então esse vínculo depois da entrevista é quase de uma má fé, de um otimismo incurável, extraordinário. Mas que poder tem um filme de mudar o mundo? Eu acho que muda o olhar de algumas pessoas. Já está bom. E ajuda a mudar o cinema. Mas depois que acabou o filme... [...] É mentira que o documentário é tão verdadeiro quanto a rotina. A rotina é insuportável. Perguntam muito por que eu só filmo os excluídos. Mas eu achei ótimo fazer um filme como o Master, sobre a classe média baixa. Eu tento desconsiderar o problema da classe ou da categoria à qual a pessoa pertence e fazer filmes que não sejam estereótipos. Então, se eu filmo em uma favela ou gente pobre no Nordeste, que são universos afastados do meu, não há o menor problema.

O sr. valoriza o frescor do primeiro encontro com os entrevistados. Como isso afeta o resultado final?

Eu não conheço a pessoa antes da filmagem. Há um momento que dura meia hora a duas horas que é intenso e em que se dá a coisa. Depois, eu vou encontrar na pré-estreia e acaba. É o contrário do trabalho de algumas ciências. Mas há cineastas documentaristas europeus e americanos que vão, ficam seis meses, só filmam seis meses depois. Eu sou contra isso. Isso pode ser ótimo. Mas no meu caso, se eu vou conhecer a locação, conheço a pessoa e ela começa a me contar alguma coisa, eu falo: "Pelo amor de Deus, não me conte".

No trecho "Eu te digo o seguinte: a gente não sabe por que faz cinema, quanto mais documentário", (3º parágrafo), a fala do cineasta revela ironia para destacar a: