1. Leia o texto a seguir para responder ao item.

A Salamanca do Jarau
Cap. V

E quando, sem mais esperança nos homens ou no socorro divino, chorei uma última lágrima de adeus à teiniaguá encantada, surgiu dentro de mim um sentimento de saudade. Era uma lembrança persistente, como um fio de ouro serpenteando em uma rocha dura, ou como uma raiz que resiste a morrer.

Parecia que essa saudade saiu do meu peito, transformou-se em lágrima e apontou para algum lugar, como se fosse ao encontro de outra saudade. Nesse instante, um vento forte explodiu sobre as águas da lagoa, e a terra tremeu tanto que as árvores deixaram cair seus frutos, os animais ficaram parados de medo, e as pessoas caíram no chão, algumas segurando suas armas, outras de bruços, tentando se proteger.

O vento parecia carregar vozes guaranis, que gritavam para libertar o sofredor.

Atrás da ventania, enquanto a poeira e as folhas secas eram levantadas, o som do sino continuava ecoando, tocando a finados... tocando a finados!... [...]

De acordo com o texto, a saudade surge como consequência de o narrador

2. Leia o texto a seguir para responder ao item.

A Salamanca do Jarau
Cap. V

E quando, sem mais esperança nos homens ou no socorro divino, chorei uma última lágrima de adeus à teiniaguá encantada, surgiu dentro de mim um sentimento de saudade. Era uma lembrança persistente, como um fio de ouro serpenteando em uma rocha dura, ou como uma raiz que resiste a morrer.

Parecia que essa saudade saiu do meu peito, transformou-se em lágrima e apontou para algum lugar, como se fosse ao encontro de outra saudade. Nesse instante, um vento forte explodiu sobre as águas da lagoa, e a terra tremeu tanto que as árvores deixaram cair seus frutos, os animais ficaram parados de medo, e as pessoas caíram no chão, algumas segurando suas armas, outras de bruços, tentando se proteger.

O vento parecia carregar vozes guaranis, que gritavam para libertar o sofredor.

Atrás da ventania, enquanto a poeira e as folhas secas eram levantadas, o som do sino continuava ecoando, tocando a finados... tocando a finados!... [...]

No texto, o tremor da terra produziu, como consequência imediata,

3. Leia o texto a seguir para responder ao item.

Lenda de Rabo de Peixe

À época do povoamento das ilhas, foi fundado um novo povoado na costa norte da ilha, numa zona plana junto ao mar. Os povoadores eram na sua maioria agricultores, que subsistiam cultivando a terra e pescando no mar pouco explorado.

Depois de um dia de faina, os homens da localidade sentaram-se à beira-mar a discutir que nome haviam de dar à sua terra. Já estavam nesta conversa deveras animada há bastante tempo, quando ao olharem para o mar viram próximo de si a luta entre um peixe de grandes proporções e um menor. Esta luta durou muito tempo, com o pequeno peixe a esquivar-se, a nadar por entre as pedras e a fugir. No entanto, o peixe grande acabou por o apanhar e comê-lo, só ficando como prova do acontecimento o rabo do pequeno peixe a flutuar à superfície das águas. Em pouco tempo, esse rabo de peixe deu à costa, trazido pelas correntes, e encalhou nas pedras de basalto negro do calhau.

Os homens, que tinham ficado em silêncio a observar os acontecimentos, entenderam que o incidente que tinham presenciado era uma mensagem, e então combinaram que a localidade deveria se chamar "Rabo de Peixe". A princípio, as pessoas acharam o nome estranho, mas, em pouco tempo, habituaram-se à ideia e ao nome. Até porque Rabo de Peixe era um nome adequado para um local com tantos pescadores.

Com este nome incomum, o lugar é atualmente uma vila da ilha de São Miguel e os seus habitantes, na maioria, continuam a ser pescadores.[...]

Na lenda, o nome "Rabo de Peixe” foi escolhido porque os homens

4. Leia o texto a seguir para responder ao item.

Lenda de Rabo de Peixe

À época do povoamento das ilhas, foi fundado um novo povoado na costa norte da ilha, numa zona plana junto ao mar. Os povoadores eram na sua maioria agricultores, que subsistiam cultivando a terra e pescando no mar pouco explorado.

Depois de um dia de faina, os homens da localidade sentaram-se à beira-mar a discutir que nome haviam de dar à sua terra. Já estavam nesta conversa deveras animada há bastante tempo, quando ao olharem para o mar viram próximo de si a luta entre um peixe de grandes proporções e um menor. Esta luta durou muito tempo, com o pequeno peixe a esquivar-se, a nadar por entre as pedras e a fugir. No entanto, o peixe grande acabou por o apanhar e comê-lo, só ficando como prova do acontecimento o rabo do pequeno peixe a flutuar à superfície das águas. Em pouco tempo, esse rabo de peixe deu à costa, trazido pelas correntes, e encalhou nas pedras de basalto negro do calhau.

Os homens, que tinham ficado em silêncio a observar os acontecimentos, entenderam que o incidente que tinham presenciado era uma mensagem, e então combinaram que a localidade deveria se chamar "Rabo de Peixe". A princípio, as pessoas acharam o nome estranho, mas, em pouco tempo, habituaram-se à ideia e ao nome. Até porque Rabo de Peixe era um nome adequado para um local com tantos pescadores.

Com este nome incomum, o lugar é atualmente uma vila da ilha de São Miguel e os seus habitantes, na maioria, continuam a ser pescadores.[...]

Na lenda, o nome foi aceito pela comunidade principalmente porque

5. Leia o texto a seguir.

Flor amorosa

Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem, porquê?
És, uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa
Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor

Oh! Dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
Em uma taça perfumada de coral
Um beijo dar não vejo mal

É um sinal de que por ti me apaixonei
Talvez em sonhos foi que te beijei

Se tu puderes extirpar dos lábios meus
Um beijo teu, tira-o por Deus

Vê se me arrancas esse odor de resedá
Sangra-me a boca é um favor, vem cá!

Não deves mais fazer questão
Já pedi, queres mais? Toma o coração

Oh, tem dó dos meus ais, perdão
Sim ou não? Sim ou não?

Olha que eu estou ajoelhado
A te beijar, a te oscular os pés

Sob os teus, sob os teus, olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar

Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim, a mim, a mim

Oh! Por que juras, mil torturas?
Mil agruras, por que juras?

Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê
Só, por um beijo, um gracejo, tanto pejo
Mas porquê?

Nos versos “És, uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa / Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor”, na 1ª estrofe, a expressão destacada estabelece a relação de sentido entre

6. Leia o texto a seguir para responder ao item.

Um Pequeno Grande Voto de Confiança

Era uma segunda-feira cinzenta, daquelas que fazem qualquer um querer ficar na cama, em vez de enfrentar o mundo. Gabriel, estudante do último ano do Ensino Médio, se arrastava pela calçada em direção à escola, já pensando na quantidade de aulas que teria pela frente. Mas naquela manhã, uma cena diferente chamou sua atenção: uma senhora idosa, apoiada em sua bengala, tentava atravessar a rua movimentada.

Gabriel parou. Ele podia continuar andando, ignorar aquilo, afinal, sempre tinha alguém para ajudar. Mas não hoje. Ele olhou em volta, viu que todos estavam ocupados, absorvidos em seus próprios mundos, com os olhos fixos nos celulares ou correndo para pegar o ônibus.

Algo mexeu com ele. Talvez fosse uma daquelas lições de cidadania que seus professores insistiam em repetir, ou talvez, fosse o desejo de fazer algo certo, por menor que fosse. Gabriel se aproximou da senhora.

— Posso ajudar a senhora a atravessar? — perguntou, com um sorriso meio tímido.

Ela levantou os olhos, surpresa, mas logo sorriu de volta.

— Que gentileza! A juventude de hoje ainda me surpreende, viu?

Eles cruzaram a rua juntos, Gabriel prestando atenção aos carros, enquanto a senhora agradecia com cada passo. Quando chegaram ao outro lado, ela segurou sua mão por um instante.

— Você fez o dia de alguém melhor, jovem. Que Deus te abençoe!

Gabriel seguiu para a escola com um novo ânimo. Era um gesto simples, quase invisível no grande esquema das coisas, mas deixou um impacto: um exemplo vivo do que era ser cidadão.

Na aula de Filosofia, mais tarde, a professora discutiu o que significa cidadania. “É muito mais do que obedecer às leis ou votar”, disse ela. “É contribuir para uma sociedade em que todos se sintam valorizados e seguros. Pequenos gestos contam."

Gabriel, que geralmente se desligava nessas discussões, se viu pensando na senhora que ajudara a atravessar a rua. Naquele momento, ele entendeu. A cidadania não está só nos grandes atos de heroísmo ou nas manifestações de milhares de pessoas. Ela também está nas pequenas escolhas do dia a dia: dar a mão para atravessar a rua, respeitar as diferenças, levantar a voz por algo certo, mesmo quando ninguém está olhando.

E assim, Gabriel descobriu que ser cidadão é construir o mundo com pequenas pedras, acreditando que, um dia, elas formarão uma ponte para um futuro melhor.

Na frase “Ele podia continuar andando, ignorar aquilo, afinal, sempre tinha alguém para ajudar. Mas não hoje”, 1º parágrafo, a palavra destacada expressa o sentido de

7. Leia o texto a seguir para responder ao item.

Um Pequeno Grande Voto de Confiança

Era uma segunda-feira cinzenta, daquelas que fazem qualquer um querer ficar na cama, em vez de enfrentar o mundo. Gabriel, estudante do último ano do Ensino Médio, se arrastava pela calçada em direção à escola, já pensando na quantidade de aulas que teria pela frente. Mas naquela manhã, uma cena diferente chamou sua atenção: uma senhora idosa, apoiada em sua bengala, tentava atravessar a rua movimentada.

Gabriel parou. Ele podia continuar andando, ignorar aquilo, afinal, sempre tinha alguém para ajudar. Mas não hoje. Ele olhou em volta, viu que todos estavam ocupados, absorvidos em seus próprios mundos, com os olhos fixos nos celulares ou correndo para pegar o ônibus.

Algo mexeu com ele. Talvez fosse uma daquelas lições de cidadania que seus professores insistiam em repetir, ou talvez, fosse o desejo de fazer algo certo, por menor que fosse. Gabriel se aproximou da senhora.

— Posso ajudar a senhora a atravessar? — perguntou, com um sorriso meio tímido.

Ela levantou os olhos, surpresa, mas logo sorriu de volta.

— Que gentileza! A juventude de hoje ainda me surpreende, viu?

Eles cruzaram a rua juntos, Gabriel prestando atenção aos carros, enquanto a senhora agradecia com cada passo. Quando chegaram ao outro lado, ela segurou sua mão por um instante.

— Você fez o dia de alguém melhor, jovem. Que Deus te abençoe!

Gabriel seguiu para a escola com um novo ânimo. Era um gesto simples, quase invisível no grande esquema das coisas, mas deixou um impacto: um exemplo vivo do que era ser cidadão.

Na aula de Filosofia, mais tarde, a professora discutiu o que significa cidadania. “É muito mais do que obedecer às leis ou votar”, disse ela. “É contribuir para uma sociedade em que todos se sintam valorizados e seguros. Pequenos gestos contam."

Gabriel, que geralmente se desligava nessas discussões, se viu pensando na senhora que ajudara a atravessar a rua. Naquele momento, ele entendeu. A cidadania não está só nos grandes atos de heroísmo ou nas manifestações de milhares de pessoas. Ela também está nas pequenas escolhas do dia a dia: dar a mão para atravessar a rua, respeitar as diferenças, levantar a voz por algo certo, mesmo quando ninguém está olhando.

E assim, Gabriel descobriu que ser cidadão é construir o mundo com pequenas pedras, acreditando que, um dia, elas formarão uma ponte para um futuro melhor.

Na frase "Talvez fosse uma daquelas lições de cidadania que seus professores insistiam em repetir, ou talvez, fosse o desejo de fazer algo certo, por menor que fosse”, no 2º parágrafo, a expressão destacada apresenta

8. Leia o texto a seguir e responda.

Amigos Leais (ou Quase Isso)

Dois amigos, Pedro e Lucas, estavam caminhando pelo parque quando de repente avistaram um cachorro enorme correndo em direção a eles, latindo furiosamente. Pedro olhou para o amigo e gritou:

— Lucas, corra! Vamos subir naquela árvore!

Lucas, meio sem fôlego, respondeu:

— Pedro, você sabe que não consigo subir em árvores tão rápido!

Pedro deu um tapinha no ombro dele e disse:

— Relaxa, amigo! Eu só preciso correr mais rápido que você!

Os dois se encararam por um segundo em choque, mas acabaram caindo na risada. Porque na amizade, às vezes a sobrevivência é questão de quem tem mais senso de humor!

No texto, o humor decorre da relação de causa e consequência, que se estabelece quando Pedro

9. Leia o texto a seguir para responder ao item.

O Primo Basílio
CAPÍTULO II

Aos domingos à noite, havia, na casa de Jorge, uma pequena reunião, uma cavaqueira na sala, em redor do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham apenas os íntimos. O “Engenheiro”, como se dizia na rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomava-se chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia croché, Jorge cachimbava.

O primeiro a chegar era Julião Zuzarte, um parente muito afastado de Jorge e seu antigo condiscípulo nos primeiros anos da Politécnica. Era um homem seco e nervoso, com lunetas azuis e os cabelos compridos caídos sobre a gola. Tinha o curso de cirurgião da Escola. Muito inteligente, estudava desesperadamente, mas, como ele dizia, era um tumba. Aos trinta anos, pobre, com dívidas, sem clientela, começava a estar farto do seu quarto andar na Baixa, dos seus jantares de doze vinténs, do seu paletó coçado de alamares; e, entalado na sua vida mesquinha, via os outros, os medíocres, os superficiais, furar, subir, instalar-se à larga na prosperidade! "Falta de chance", dizia.

Podia ter aceitado um partido da Câmara numa vila da província, com pulso livre, ter uma casa sua, a sua criação no quintal. Mas tinha um orgulho resistente, muita fé nas suas faculdades, na sua ciência, e não se queria ir enterrar numa terriola adormecida e lúgubre, com três ruas onde os porcos fossam. Toda a província o aterrava: via-se lá obscuro, jogando a manilha na Assembleia, morrendo de caquexia.

Por isso, não “arredava pé” e esperava, com a tenacidade do plebeu sôfrego, uma clientela rica, uma cadeira na Escola, um cupê para as visitas, uma mulher loura com dote. Tinha certeza do seu direito a estas felicidades e, como elas tardavam a chegar, ia-se tornando despeitado e amargo; andava amuado com a vida; cada dia se prolongavam mais os seus silêncios hostis, roendo as unhas; e, nos dias melhores, não cessava de ter ditos secos, tiradas azedas — em que a sua voz desagradável caía como um gume gelado.

Luísa não gostava dele: achava-lhe um ar nordeste, detestava o seu tom de pedagogo, os reflexos negros da luneta, as calças curtas que mostravam o elástico roto das botas. Mas disfarçava, sorria-lhe, porque Jorge admirava-o, dizia sempre dele: "Tem muito espírito! Tem muito talento! Grande homem!" [...]

No romance, a razão pela qual Julião Zuzarte permanecia na cidade era

10. Leia o texto a seguir para responder ao item.

O Primo Basílio
CAPÍTULO II

Aos domingos à noite, havia, na casa de Jorge, uma pequena reunião, uma cavaqueira na sala, em redor do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham apenas os íntimos. O “Engenheiro”, como se dizia na rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomava-se chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia croché, Jorge cachimbava.

O primeiro a chegar era Julião Zuzarte, um parente muito afastado de Jorge e seu antigo condiscípulo nos primeiros anos da Politécnica. Era um homem seco e nervoso, com lunetas azuis e os cabelos compridos caídos sobre a gola. Tinha o curso de cirurgião da Escola. Muito inteligente, estudava desesperadamente, mas, como ele dizia, era um tumba. Aos trinta anos, pobre, com dívidas, sem clientela, começava a estar farto do seu quarto andar na Baixa, dos seus jantares de doze vinténs, do seu paletó coçado de alamares; e, entalado na sua vida mesquinha, via os outros, os medíocres, os superficiais, furar, subir, instalar-se à larga na prosperidade! "Falta de chance", dizia.

Podia ter aceitado um partido da Câmara numa vila da província, com pulso livre, ter uma casa sua, a sua criação no quintal. Mas tinha um orgulho resistente, muita fé nas suas faculdades, na sua ciência, e não se queria ir enterrar numa terriola adormecida e lúgubre, com três ruas onde os porcos fossam. Toda a província o aterrava: via-se lá obscuro, jogando a manilha na Assembleia, morrendo de caquexia.

Por isso, não “arredava pé” e esperava, com a tenacidade do plebeu sôfrego, uma clientela rica, uma cadeira na Escola, um cupê para as visitas, uma mulher loura com dote. Tinha certeza do seu direito a estas felicidades e, como elas tardavam a chegar, ia-se tornando despeitado e amargo; andava amuado com a vida; cada dia se prolongavam mais os seus silêncios hostis, roendo as unhas; e, nos dias melhores, não cessava de ter ditos secos, tiradas azedas — em que a sua voz desagradável caía como um gume gelado.

Luísa não gostava dele: achava-lhe um ar nordeste, detestava o seu tom de pedagogo, os reflexos negros da luneta, as calças curtas que mostravam o elástico roto das botas. Mas disfarçava, sorria-lhe, porque Jorge admirava-o, dizia sempre dele: "Tem muito espírito! Tem muito talento! Grande homem!" [...]

No texto, o narrador indica que Luísa escondia sua aversão por Julião devido