Leia os textos a seguir para responder aos itens 1 e 2.

Texto 1

A Vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Fonte: ESPANCA, Florbela. A Vida. In: Poemas Selecionados. Ciberfil Literatura Digital. Disponível em: http://www. dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000240.pdf. Acesso em: 21 dez. 2024.

Texto 2

Noite de almirante

Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do arsenal de marinha e enfiou pela rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os compa- nheiros disseram-lhe, rindo:

Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! Ceia, viola e os braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva...

Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes noites de almirante que o esperava em terra. Co- meçara a paixão três meses antes de sair a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo ou- tro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, ele deixaria o serviço e ela o acompa- nharia para a vila mais recôndita do interior.

A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu- -os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever fazer um juramento de fidelidade.

Juro por Deus que está no céu. E você?

Eu também.

Diz direito.

Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte.

Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separa- ram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que pare- cia que "lhe ia dar uma coisa”. Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela. [...]

Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o ce- mitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou- -lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Ge- noveva. — Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. [...] Genoveva andava com a cabeça virada...

Mas virada por quê?

Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas? Está com ele. Não imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca. [...]

Fonte: ASSIS, Machado de. Volume de contos. Noite de Almirante. Rio de Janeiro: Garnier, 1884. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ bv000208.pdf. Acesso em: 21 dez. 2024.

Item 1. A ideia comum presente nos textos “A Vida” e "Noite de Almirante" se refere

Item 2. Um dos aspectos que evidenciam a ideia em comum nos dois textos é

Item 3. Leia o texto a seguir.

Fóssil na fossa


Fonte: HUMOR COM CIÊNCIA. Fóssil na fossa. [Imagem]. Disponível em: https://www.humorcomciencia.com/tirinhas/#https-www- humorcomciencia-com-wp-content-uploads-2024-11-fossil-na-fossa-1-360x150-jpg-420909. Acesso em: 14 dez. 2024.

Na tirinha, a ironia presente é reconhecida em razão

Item 4. Leia o texto a seguir.

Hora extra!


Fonte: HUMOR COM CIÊNCIA. Hora extra! Disponível em: https://www.humorcomciencia.com/wp-content/uploads/2023/04/Hora- extra-1.png. Acesso em: 19 dez. 2024.

Na tirinha, a ironia acontece principalmente por- que a personagem

Leia os textos a seguir para responder aos itens 5 e 6.

Texto 1

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Fonte: CAMÕES, Luís Vaz de. Amor é um fogo que arde sem se ver. Os Lusíadas de Luís de Camões. Direção literária: Álvaro Júlio da Costa Pimpão. Disponível em: http://www. dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf. Acesso em: 14 dez. 2024.

Texto 2

A Cartomante

Hamlet observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera con- sultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dis- sesse o que era. Apenas começou a botar as cartas,

disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Con- fessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...

Errou! – interrompeu Camilo, rindo.

Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...

Camilo pegou-lhe nas mãos e olhou para ela sé- rio e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quan- do tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...

Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.

Onde é a casa?

Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não pas- sava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.

Camilo riu outra vez:

Tu crês deveras nessas coisas? – perguntou-lhe.

Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita coisa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a carto- mante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.

Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e fi- cou só o tronco da religião, ele, como tivesse re- cebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulida- de; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.

Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por

ele, correr às cartomantes, e, por mais que a re- prendesse, não podia deixar de sentir-se lisonje- ado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Bar- bonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante. [...]

Fonte: ASSIS, Machado de. Obra Completa. A Cartomante. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II. Disponível em: http:// www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000257.pdf. Acesso em: 14 dez. 2024.

Item 5. Nos textos Amor é um fogo que arde sem se ver e A Cartomante, a ideia comum está rela- cionada

Item 6. Tanto no poema de Camões quanto no con- to de Machado de Assis, a representação do amor tem como ponto comum

Item 7. Leia este texto.

Pi... ada


Fonte: HUMOR COM CIÊNCIA. Pi-ada. [Imagem]. Disponível em: https://www.humorcomciencia.com/wp-content/ uploads/2024/10/pi-ada-1.jpg. Acesso em: 14 dez. 2024.

Na tirinha "Pi...ada", a ironia está relacionada

Leia os textos a seguir para responder aos itens 8, 9 e 10.

Texto 1

Via-Láctea

Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
Que, aos raios do luar iluminada,
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.

E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada
Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa dourada,
Ressoante de súplicas, feria...

Tu, mãe sagrada! Vós também, formosas
Ilusões! sonhos meus! íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.

E, ó meu amor! eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando...

Fonte: BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. São Paulo: Martin
Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. (Coleção a obra-prima de
cada autor). Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bv000289.pdf. Acesso em: 14 dez. 2024.

Texto 2

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

Fonte: ESPANCA, Florbela. Fanatismo. In: ESPANCA, Florbela.
Livro de Sóror Saudade. 1923. Disponível em: http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000147.pdf. Acesso
em: dia mês ano.

Item 8. Considerando a forma como o amor é repre- sentado nos dois poemas, em Fanatismo, o amor é

Item 9. A maneira como o ser amado é represen- tado nos poemas Via-Láctea e Fanatismo pode ser caracterizada como

Item 10. O sentimento amoroso nos poemas Via- -Láctea e Fanatismo se diferencia porque