Leia este texto para responder aos itens 1 e 2.

A comercialização de agrotóxicos e o modelo químico-dependente da agricultura do Brasil

A comercialização de agrotóxicos foi obtida por meio dos registros de vendas de ingredientes ativos por estado e região do País, informados pelas próprias unidades federativas e compilados pelos órgãos citados, ou seja, referem-se às vendas no atacado e no varejo, não sendo possível identificar, ainda, a produção industrial. A quantidade comercializada diz respeito à quantidade total de quilos de ingredientes ativos, de todas as classes de uso e de periculosidade, comercializadas em uma área circunscrita e em um determinado período.

Buscando uma aproximação do consumo de agrotóxicos, calculou-se o quociente entre a quantidade de ingredientes ativos de todos os grupos químicos comercializados (em quilogramas) e a área plantada das principais lavouras temporária e permanente (em hectares) por ano (kg/ha/ano) dos 26 estados e o Distrito Federal, distribuídos nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Esse último indicador também é utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). [...]

A quantidade média de agrotóxicos comercializados no País entre 2000 e 2014 foi de 2,92 kg/ha/ano, sendo a maior registrada em 2014 (4,80 kg/ha/ano), com aumento de 2,26 vezes nesse intervalo. Observaram-se diferenças significantes entre as médias no período (tabela 1). Em termos absolutos, a comercialização variou de 0,02 (2001) a 11,53 kg/ha/ano (2009).

Figura 1 Taxas médias de comercialização de agrotóxicos no Brasil e regiões, 2000 a 2014


Item 1. No texto, a Figura 1 tem como finalidade principal

Item 2. O conjunto de gráficos apresentados no texto tem como finalidade principal

Leia este texto para responder aos itens 3 e 4.

Desigualdade e pobreza no Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável

O Brasil, nas últimas décadas, vem confirmando, infelizmente, uma tendência de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis de pobreza. Um país desigual, exposto ao desafio histórico de enfrentar uma herança de injustiça social que exclui parte significativa de sua população do acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania. Como uma contribuição ao entendimento dessa realidade, este artigo procura descrever a situação atual e a evolução da magnitude e da natureza da pobreza e da desigualdade no Brasil, estabelecendo inter-relações causais entre essas dimensões.[...]

A evolução da pobreza e da indigência no Brasil entre 1977 e 1998 pode ser reconstruída a partir da análise das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estas pesquisas domiciliares anuais permitem construir uma diversidade de indicadores sociais que retratam, entre outros, a evolução da estrutura da distribuição dos padrões de vida e da apropriação de renda dos indivíduos e das famílias brasileiras.[...]

Procuramos, ainda, demonstrar a viabilidade econômica do combate à pobreza e justificar a importância, no atual contexto econômico e institucional brasileiro, de estabelecer estratégias que não descartem a via do crescimento econômico mas que enfatizem, sobretudo, o papel de políticas redistributivas que enfrentem a desigualdade. [...]

Os resultados das PNADs revelam que, em 1998, cerca de 14% da população brasileira vivia em famílias com renda inferior à linha de indigência e 33% em famílias com renda inferior à linha de pobreza. Deste modo, como vemos na Tabela 1, cerca de 21 milhões de brasileiros podem ser classificados como indigentes e 50 milhões como pobres.

Tabela 1

Evolução temporal da indigência e da pobreza no Brasil


Item 3. Nesse texto, a Tabela 1 tem a finalidade de

Item 4. De acordo com o texto, a Tabela 1 foi inserida para

Leia este texto para responder aos itens 5 e 6.

Entre o mito e a ciência: relação intestino-cérebro em pessoas com autismo

Pesquisadores da USP fornecem evidências científicas e buscam desmistificar essa relação, que tem sido tema de desinformação nas redes

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) publicaram um artigo que contribui para a compreensão da relação intestino-cérebro em pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) - conexão sobre a qual ainda há muito por entender.

Com autoria de Anita Brito, pesquisadora no ICB e no IPSP, o trabalho demonstrou uma diferença significativa entre o padrão gastrointestinal de pessoas dentro e fora do espectro autista.

Realizado em parceria com Fernando Ribeiro Tocantins, doutorando em neurociência computacional pelo ICB, o estudo pretendeu investigar a influência indireta do eixo intestino-cérebro em pessoas com e sem TEA. As análises levaram em conta quais fatores ambientais poderiam contribuir para os sintomas gastrointestinais dos avaliados na pesquisa. Alguns dos problemas identificados foram cólica intestinal, refluxo gastroesofágico, constipação e diarreia frequente.

Os cientistas avaliaram, ainda, se a amamentação teria alguma interferência nos problemas gastrointestinais da criança com TEA. Para isso, eles dividiram a amostra em dois grupos: o teste (pessoas com TEA) e o controle (pessoas sem TEA). Eles notaram que a amamentação só era um fator protetor no caso do grupo controle. Isso aponta uma tendência à dominância do fator genético sobre o ambiental entre as pessoas com autismo - ou seja, a genética estaria falando mais alto.

Na interação entre diferentes variáveis, porém, o cenário muda. Os cientistas também avaliaram os casos em que houve administração de antibióticos durante a gestação. Nesses quadros, observou-se uma diferença entre pessoas com TEA que foram amamentadas, que tiveram menos problemas, e outras com TEA, mas que não receberam amamentação. [...]

Item 5. A finalidade principal desse texto é

Item 6. Esse texto foi elaborado para

Item 7. Leia este texto.

InfoGripe alerta para aumento de casos associados à influenza A

O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta para queda nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas tendências de longo (últimas seis semanas) e curto prazo (últimas três semanas). Referente à Semana Epidemiológica (SE) 37, período de 11 a 17 de setembro, o Boletim tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 19 de setembro.

Por outro lado, o pesquisador Marcelo Gomes alerta para o aumento recente de casos associados à influenza A: o vírus H3N2 gerou um surto fora de época no final do ano passado e está aparecendo novamente em São Paulo. Os indícios na capital paulista sinalizam tendência de aumento de SRAG nas últimas semanas, observado especialmente em crianças e adolescentes, e pode estar associado ao aumento de casos de influenza. “Por isso, não podemos esquecer da vacina para ter a melhor proteção possível”, destacou o coordenador do InfoGripe.

Os dados referentes aos resultados laboratoriais por faixa etária seguem apontando para amplo predomínio do vírus Sars-CoV-2, especialmente na população adulta. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 9,7% para influenza A; 0,8% para influenza B; 8,6% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 55,8% para Sars-CoV-2 (Covid-19).

Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos nesse período foi de 1,9% para influenza A; 0,0% para influenza B; 0,0% para VSR; e 90,3% para Sars-CoV-2.

Os dados atuais sugerem que a tendência de aumento de casos entre crianças e adolescentes (0 a 17 anos) que se observou na maioria dos estados a partir do final de julho já dá claros indícios de interrupção na maioria dos estados, com alguns desses já apresentando início de processo de queda.

No cenário geral, observa-se queda ou estabilidade na incidência de casos em praticamente todas as faixas etárias da população adulta. A curva nacional segue apontando para um patamar inferior ao observado em abril de 2022, até então o mais baixo desde o início da epidemia de Covid-19 no Brasil.

A característica principal desse gênero textual refere-se

Item 8. Leia este texto.

O envelhecimento e a longevidade na Saúde Mental

O artigo **Transformações cognitivas nas trajetórias de envelhecimento e longevidade em Saúde Mental** analisa os movimentos da cognição relacionados ao envelhecimento e à longevidade no contexto de usuários atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Ao trazer a longevidade em nossa pesquisa, fazemos um deslocamento para as mudanças nos estados de saúde física e mental, com foco não apenas na questão da idade, mas ao envolver usuários interessados no tema da pesquisa e que são atendidos em uma instituição voltada à promoção da saúde mental.

Este estudo consistiu em uma pesquisa-intervenção desenvolvida por meio da proposição de uma experiência que reuniu um pequeno coletivo de usuários, participantes dos encontros do Programa de Extensão "Oficinando em Rede", realizado em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)*. Durante o período de aproximação com os participantes dessa pesquisa, inserimo-nos nas atividades do programa de extensão.

Nessa experiência, as oficinas cenopoéticas compuseram os procedimentos da pesquisa. A cenopoesia, conceito construído por Ray Lima, educador popular em saúde do Nordeste brasileiro, é uma mistura de diversas linguagens artísticas e uma possibilidade de integração de múltiplas linguagens. Nas oficinas, integramos a cenopoesia envolvendo teatro, pinturas e cirandas. As múltiplas linguagens da cenopoesia, os processos interativos e as brincadeiras favorecem a livre expressão do viver (Lima, 2013).

O percurso metodológico desta pesquisa ocorreu em duas etapas. Na primeira, integramos oficinas do Programa Oficinando em Rede e participamos de suas reuniões de planejamento. Na segunda etapa, organizamos oficinas cenopoéticas com os participantes. Acompanhamos a experiência por meio da filmagem das oficinas e dos atos cenopoéticos, e compusemos um amplo material de pesquisa para nossa observação e análise, com imagens, vídeos, autonarrativas dos participantes e diários de bordo, nos quais registramos momentos e as condutas/coordenações de ações dos participantes, materiais necessários para nossa reflexão e discussão.

O envelhecer mostrou-se, nos momentos iniciais da pesquisa, como um processo marcado pelas fragilidades em torno do que os participantes não mais podiam fazer, como os problemas de diabetes, dores nas articulações, dificuldades de locomoção, entre outras questões interconectadas aos seus percursos de vida. As autonarrativas se concentraram, inicialmente, em queixas do tipo lamento, que pareciam impedir as possibilidades de mudanças em seus estados emocionais e de saúde mental.

A vivência desta pesquisa oportunizou um movimento circular de ações e reflexões, que nos permitiram visualizar percursos de possíveis alterações e reconstrução do viver dos participantes. Foi possível distinguir mudanças nas coordenações de ações na linguagem e no emocionar, como a adoção de práticas de cuidado e as buscas pelo cultivo da alegria e pela potência no viver, por meio das imagens em transformação, autonarrativas de cuidado, gestos e circunstâncias que convidam a tomar nas mãos a própria experiência do viver com cuidado e atenção à saúde (Maturana, 2001).

*CAPS significa Centro de Atenção Psicossocial.

Para sustentar a tese indicada nesse texto, os autores apresentam como principal argumento

Item 9. Leia este texto.

Caem números da mortalidade materna no Brasil

Os índices tiveram redução, mas ainda não estão no patamar ideal preconizado pela OMS

A hipertensão e a hemorragia estão entre as principais causas de mortalidade materna no Brasil e no mundo, segundo a OMS, a Organização Mundial da Saúde. São causadas, principalmente, pela má qualidade na assistência prestada no pré-natal e no parto. A professora Flávia Azevedo Gomes, da Escola de Enfermagem da USP, em Ribeirão Preto, diz que os índices de mortalidade reduziram consideravelmente nos últimos anos, mas ainda não estão no patamar ideal. A professora ainda explica as políticas públicas que vêm sendo criadas para amenizar o problema e o simpósio que abordará o tema na próxima segunda-feira aqui na USP.

Professora Flávia Azevedo Gomes: “Hoje, os índices de mortalidade materna, eles estão, né, em torno de 60 por 100.000 nascidos vivos. Esses são dados ainda não consolidados, que mostram uma redução de 12% daqueles dados que nós tivemos a maior redução nos últimos anos, que foi de 1990 até 2015. Nessa primeira grande redução foram 58%. Nós tivemos de redução. E depois, entre 2010 e 2015, 12%. Isso em números, em coeficiente, nos mostra que nessa primeira, nesses primeiros 25 anos, o coeficiente de mortalidade materna no Brasil, ele era de 143 mortes por cada 100.000 nascidos vivos, reduzindo para 67, e agora, nesses dados preliminares que nós temos, que mostram 60 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos. Melhorou bastante, mas ainda tá distante do máximo aceito pela Organização Mundial da Saúde".

Jornalista: Quais são as principais causas para a mortalidade materna?

Professora Flávia Azevedo Gomes: "Olha, as principais causas da mortalidade materna no Brasil e no mundo ainda continuam sendo as causas chamadas diretas, que são aquelas relacionadas à gravidez, parto e puerpério, e não aquelas indiretas que são provenientes de doenças pré-existentes que foram agravadas pela gravidez. A hipertensão e hemorragia são as duas principais, seguidas pela infecção. Aqui no estado de São Paulo, a hipertensão é a primeira causa de morte materna".

Jornalista: Quais políticas públicas têm sido criadas para amenizar o problema?

Professora Flávia Azevedo Gomes: "Bom, são várias políticas que têm sido desenvolvidas para a saúde da mulher de um modo geral, e é claro que elas refletem na mortalidade materna. Para além das políticas, na minha opinião, e eu acho que na opinião de várias outras pessoas, o mais importante é entender porque é que acontece o óbito materno. Então, daí vem a importância dos gestores participarem de todas essas políticas e compreender o que está acontecendo na sua área, na sua região. E eles só conseguem essas informações mediante dados de qualidade".

Um argumento apresentado no texto para defender a necessidade de reduzir a mortalidade materna no Brasil está indicado em

Item 10. Leia este texto.

Anúncios... anúncios...

Quando bati à porta do gabinete de trabalho do meu amigo, ele estava estirado num divã improvisado com tábuas, caixões e um delgado colchão, lendo um jornal. Não levantou os olhos do quotidiano, e disse-me, naturalmente:

– Entra.

Entrei e sentei-me a uma cadeira de balanço, à espera de que ele acabasse a leitura, para darmos começo a um dedo de palestra. Ele, porém, não tirava os olhos do jornal que lia, com a atenção de quem está estudando coisas transcendentes. Impaciente, tirei um cigarro da algibeira, acendi-o e pus-me a fumá-lo sofregamente. Afinal, perdendo a paciência, fiz abruptamente:

– Que diabo tu lês aí, que não me dás nenhuma atenção?

– Anúncios, meu caro; anúncios...

– É o recurso dos humoristas à cata de assuntos, ler anúncios.

– Não sou humorista e, se leio os anúncios, é para estudar a vida e a sociedade. Os anúncios são uma manifestação delas: e às vezes, tão brutalmente as manifestam que a gente fica pasmo com a brutalidade deles. Vê tu os termos deste: "Aluga-se a gente branca, casal sem filhos, ou moço do comércio, um bom quarto de frente por 60$ mensais, adiantados, na Rua D., etc., etc." Penso que nenhum miliardário falaria tão rudemente aos pretendentes a uma qualquer de suas inúmeras casas; entretanto, o modesto proprietário de um cômodo de sessenta mil-réis não tem circunlóquios.

– Que concluis daí?

– O que todos concluem. Mais vale depender dos grandes e dos poderosos do que dos pequenos que tenham, porventura, uma acidental distinção pessoal. O doutor burro é mais pedante que o doutor inteligente e ilustrado.

– Estás a fazer uma filosofia de anúncios?

– Não. Verifico nos anúncios velhos conceitos e preconceitos. Queres um outro? Ouve: “Senhora distinta, residindo em casa confortável, aceita uma menina para criar e educar com carinhos de mãe. Preço razoável. Cartas para este escritório, a Mme., etc., etc."

– Que te parece este anúncio, meu caro Jarbas?

– Não lhe enxergo nada de notável.

– Pois possui.

– Não vejo em quê.

– Nisto: essa senhora distinta quer criar e educar com carinhos de mãe, uma menina; mas pede paga, preço razoável – lá está. É como se ela cobrasse os carinhos que distribuísse aos filhos e filhas. Percebeste?

– Percebo.

– Outra coisa que me surpreende, na leitura da seção de anúncios dos jornais, é a quantidade de cartomantes, feiticeiros, adivinhos, charlatães de toda a sorte que proclamam, sem nenhuma cerimônia, sem incômodos com a polícia, as suas virtudes sobre-humanas, os seus poderes ocultos, a sua capacidade milagrosa. Neste jornal, hoje, há mais de dez neste sentido. Vou ler este, que é o maior e o mais pitoresco.[...]

Ao analisar os anúncios de jornal, a personagem estabelece uma tese referente